As tensões entre Brasil e Estados Unidos atingem um novo patamar. Isso porque, conforme a Reuters, o deputado federal Eduardo Bolsonaro, filho do ex-presidente Jair Bolsonaro, declarou à agência nesta quinta-feira (14 de agosto de 2025) que o Brasil pode enfrentar novas sanções e tarifas dos EUA. Segundo ele, a razão seria a intensificação das ações legais contra seu pai.
Em uma entrevista concedida em Washington, após reuniões com autoridades americanas de alto escalão, o parlamentar expressou sua visão à Reuters. De acordo com Eduardo Bolsonaro, ele não vê como o Brasil possa negociar a redução das tarifas americanas sobre suas exportações sem concessões por parte do Supremo Tribunal Federal (STF).
STF em Xeque: O Confronto com uma Potença Econômica
A retórica de Eduardo Bolsonaro, reportada pela Reuters, é contundente. “Os ministros do Supremo Tribunal têm que entender que perderam o poder”, afirmou ele. Para o deputado, “não há cenário em que o Supremo Tribunal saia vitorioso desse imbróglio. Eles estão em conflito com a maior potência econômica do mundo.”
A atuação do filho de Bolsonaro em Washington, conforme a Reuters, o colocou no centro das tensões bilaterais. Afinal, o ex-presidente dos EUA, Donald Trump, impôs uma tarifa de 50% sobre produtos brasileiros e sanções financeiras contra o ministro do STF que supervisiona o processo do ex-presidente. Trump exige o fim do que ele chama de “caça às bruxas” contra Jair Bolsonaro.
“Acho que ele é um homem honesto… Isso é realmente uma execução política que eles estão tentando fazer com Bolsonaro”, disse Trump a repórteres nesta quinta-feira, declaração também noticiada pela Reuters.
Tarifas: O Preço da “Medicina Amarga”
Jair Bolsonaro está atualmente sendo julgado pela mais alta corte do Brasil. Ele é acusado de uma suposta conspiração para derrubar as eleições de 2022, que perdeu. No entanto, ele nega qualquer irregularidade.
Eduardo Bolsonaro, em entrevista à Reuters, descreveu as tarifas dos EUA sobre carne bovina, café, peixe, calçados e outros produtos brasileiros como uma “medicina amarga”. Conforme sua interpretação, essa medida visa conter o que ele chamou de “ofensiva legal descontrolada” contra seu pai.
“Eu disse a todos que tentam abordar isso apenas pela ótica do comércio: não vai funcionar”, explicou o deputado à Reuters. “Primeiro, precisa haver um sinal para os EUA de que estamos resolvendo nossa crise institucional.”
Sanções e Vistos: A Pressão Cresce
A pressão americana, conforme apurado pela Reuters, aumentou ainda mais na quarta-feira (13 de agosto de 2025). O Departamento de Estado dos EUA moveu-se para revogar e restringir vistos de funcionários do governo e seus familiares de países, incluindo o Brasil. A justificativa está ligada aos laços desses indivíduos com um programa de intercâmbio envolvendo médicos cubanos.
Eduardo Bolsonaro, em sua entrevista à Reuters, prevê que essas restrições em breve atingirão o ministro da Saúde, Alexandre Padilha, e provavelmente a ex-presidente Dilma Rousseff. Ele os aponta por seus papéis no programa.
Rousseff foi chefe de gabinete e sucessora do atual presidente Luiz Inácio Lula da Silva, quando seu segundo mandato terminou em 2010. Representantes de Padilha e Rousseff não responderam imediatamente aos pedidos de comentário sobre as alegações, segundo a Reuters.
Reação Brasileira e Acusações de Traição
Lula, por sua vez, conforme reportado pela Reuters, classificou as exigências de Trump como uma afronta à soberania nacional. Ele declarou ter recusado “se humilhar” com uma ligação para a Casa Branca. Além disso, em uma entrevista à Reuters na semana passada, Lula chamou Eduardo Bolsonaro e seu pai de “traidores” por buscarem a intervenção de Trump.
O STF do Brasil está investigando ambos os Bolsonaros devido aos seus apelos a Trump. O ministro do Supremo Tribunal, Alexandre de Moraes, intensificou a pressão sobre o ex-presidente. Ele o colocou em prisão domiciliar e proibiu o contato com seu filho nos EUA ou com autoridades estrangeiras, como informou a Reuters.
Novas Sanções à Vista?
Na entrevista desta quinta-feira em Washington, Eduardo Bolsonaro disse à Reuters que espera uma resposta dos EUA à essa intensificação. Isso incluiria sanções contra Viviane Barci de Moraes, uma advogada brasileira de alto perfil casada com o ministro Moraes.
O deputado também alertou, via Reuters, para a possibilidade de mais tarifas sobre produtos brasileiros. “Eu poderia esperar mais tarifas, porque as autoridades brasileiras não mudaram seus comportamentos”, disse ele.
O parlamentar brasileiro, que se mudou para os Estados Unidos em março em um esforço para obter o apoio de Trump para seu pai, afirmou à Reuters que tem defendido sanções contra Moraes e sua família. Ele considera as tarifas como um “último recurso”.
Entretanto, ele disse que sanções imediatas dos EUA contra outros ministros do Supremo Tribunal parecem improváveis, conforme a Reuters. Isso se deve ao foco em isolar Moraes, a quem ele chamou de “gângster”, “psicopata” e “mafioso”.
O Supremo Tribunal Federal não respondeu imediatamente a um pedido de comentário, segundo a Reuters. É importante notar que Moraes descreveu suas decisões, que foram confirmadas pela corte, como uma defesa da democracia brasileira sob a lei constitucional, informação também veiculada pela Reuters.
Cidadania Americana e o Futuro
Em uma entrevista à Reuters no mês passado, Jair Bolsonaro disse que esperava que seu filho buscasse a cidadania americana para evitar retornar ao Brasil.
Eduardo Bolsonaro se recusou a comentar os detalhes de seu status de imigração à Reuters. Contudo, ele afirmou que ele e sua família tinham permissão para permanecer nos Estados Unidos “por um bom tempo”. Além disso, deixou a porta aberta para buscar asilo e, eventualmente, a cidadania.
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