Na noite de 17 de setembro de 2025, a Câmara aprova urgência da anistia por 311 a 163 votos para o Projeto de Lei da Anistia (PL 2162/2023). A decisão acelera a tramitação de uma pauta considerada explosiva: a proposta de anistiar manifestantes condenados ou investigados após protestos políticos ocorridos desde 30 de outubro de 2022, incluindo os atos de 8 de janeiro de 2023.
A aprovação da urgência não define ainda quem será beneficiado, mas sinaliza a força política do tema no Congresso. A seguir, entenda o que muda na prática, o que está em jogo no texto e quais os próximos capítulos.

Câmara aprova urgência da anistia
O que significa regime de urgência
Quando a Câmara aprova um regime de urgência, isso significa que o projeto não precisa passar pelas comissões temáticas. Ele pode ser levado diretamente ao Plenário, encurtando prazos e tornando a votação final mais rápida. É um instrumento político usado em pautas sensíveis, quando há pressão da sociedade ou dos partidos.
Quem votou a favor e contra
O placar de 311 a 163 votos mostrou uma divisão clara: partidos do Centrão e da oposição ao governo foram majoritariamente favoráveis, enquanto a base governista se mobilizou contra. Houve ainda 7 abstenções. Esse alinhamento dá pistas de como será a disputa no mérito do projeto.
O que está em discussão no projeto de anistia
Quem pode ser beneficiado
O texto original, de autoria do deputado Marcelo Crivella (Republicanos-RJ), propõe anistiar pessoas que participaram de manifestações políticas após a eleição de 2022. No entanto, como ainda será elaborado um substitutivo pelo relator, a abrangência pode mudar. Isso significa que:
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O período de abrangência pode ser encurtado ou ampliado.
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O tipo de crime ou infração incluído na anistia ainda está em aberto.
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A responsabilidade individual (quem apenas participou vs. quem financiou ou liderou) pode ser tratada de forma diferente.
Ponto mais sensível: atos de 8 de janeiro
O maior ponto de disputa é a possibilidade de anistiar pessoas presas ou condenadas por participação nos atos de 8 de janeiro de 2023, quando as sedes dos Três Poderes foram invadidas e depredadas em Brasília. Para o governo, incluir esses crimes seria um retrocesso institucional; já para parte da oposição, trata-se de uma “pacificação política”.
Próximos passos na tramitação
Agora que a urgência foi aprovada, o presidente da Câmara deverá indicar um relator. Esse relator apresentará um substitutivo, que pode suavizar ou endurecer as regras. Só então o projeto vai a votação no mérito. Não há prazo fixo: a votação depende de acordo político entre líderes partidários.

Impactos políticos da decisão
Divisão entre governo e oposição
O resultado mostrou que a oposição conseguiu articular maioria, mas ainda não há certeza de vitória no mérito. O governo pretende negociar alterações ou até mesmo tentar barrar a versão final, caso considere que o projeto afronta o sistema democrático.
Reações de entidades e opinião pública
Entidades jurídicas e associações de magistrados já se manifestaram contra uma anistia ampla. Por outro lado, movimentos sociais de direita defendem a medida como “necessária para pacificar o país”. Essa polarização deve se intensificar nas próximas semanas.
Comparativo histórico: outras anistias no Brasil
A discussão não é inédita. O Brasil já aprovou outras leis de anistia, como:
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1979: anistia política, que beneficiou perseguidos pela ditadura e também agentes do regime.
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2016: discussão sobre anistia a partidos por irregularidades em campanhas, rejeitada pelo Congresso.
Cada episódio gerou debate intenso, mostrando que a palavra “anistia” sempre desperta controvérsias.
Tabela — resumo dos números-chave
| Tema | Número | Data | Próximo passo |
|---|---|---|---|
| Votação da urgência | 311×163 (7 abstenções) | 17/09/2025 | Indicação de relator |
| Projeto | PL 2162/2023 | Autoria: Marcelo Crivella | Substitutivo em elaboração |
| Ponto central | Atos de 8/1/2023 | Em disputa | Decisão no Plenário |
O que esperar nos próximos dias
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Definição de quem será o relator.
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Construção de um substitutivo que contemple diferentes blocos políticos.
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Reação de entidades jurídicas e pressão popular.
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Possível votação do mérito ainda em setembro/outubro de 2025.
Chamada à ação
Câmara aprova urgência da anistia e isso foi apenas o primeiro capítulo de uma história que promete intensos embates políticos e jurídicos. O texto final da anistia pode mudar completamente o alcance da proposta.
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