O conflito entre Estados Unidos e Venezuela voltou a ganhar intensidade nesta semana e reacendeu o debate sobre os rumos da política internacional no continente americano. A Casa Branca declarou que usará “todos os elementos do poder americano” contra o governo de Nicolás Maduro. Por sua vez, o líder venezuelano reagiu com a mobilização de 4,5 milhões de milicianos armados, classificando a iniciativa de Washington como uma “ameaça bizarra”.
A porta-voz da Casa Branca, Karoline Leavitt, afirmou na terça-feira (19) que os EUA reforçarão as ações para impedir a entrada de drogas em território americano. Além disso, destacou que, na visão do presidente Donald Trump, “o regime de Maduro não é legítimo, mas sim um cartel narcoterrorista”. Essa retórica se soma a uma série de acusações que já vinham sendo feitas contra o governo venezuelano, considerado por Washington um dos maiores responsáveis pelo tráfico internacional de drogas na região.
Movimentação militar dos EUA
Na segunda-feira (18), a agência Reuters informou que três navios de guerra — USS Gravely, USS Jason Dunham e USS Sampson — foram enviados para a costa da Venezuela. O objetivo oficial é combater organizações criminosas ligadas ao tráfico internacional de drogas, mas a presença militar americana aumenta a pressão direta sobre Maduro.
Segundo fontes ligadas à operação, cerca de 4 mil marinheiros e fuzileiros navais participam da missão, que conta ainda com aviões de vigilância P-8 e um submarino de ataque. Portanto, a expectativa é que a ofensiva tenha longa duração, possivelmente se estendendo por meses. Ainda assim, Karoline Leavitt preferiu não comentar em detalhes sobre os deslocamentos, reafirmando apenas que Donald Trump não reconhece Maduro como presidente legítimo.
A resposta de Maduro
Em contrapartida, Nicolás Maduro declarou que vai mobilizar 4,5 milhões de milicianos em todo o território nacional. Ele afirmou que essa é uma medida de defesa diante das pressões e ameaças vindas de Washington. O ministro do Interior, Diosdado Cabello, também reforçou o tom de resistência, afirmando: “Estamos mobilizados em todo o Caribe, em nosso mar e em nosso território soberano”.
As milícias nacionais criadas ainda no governo de Hugo Chávez, mentor de Maduro, e sempre funcionaram como uma força auxiliar ao Exército. Embora compostas por civis, essas milícias recebem treinamento e armamento, sendo frequentemente utilizadas como instrumento de apoio político e militar do regime. Assim, a mobilização anunciada por Maduro representa mais do que um gesto simbólico: trata-se de uma tentativa de demonstrar força interna e de dissuadir uma possível ação militar estrangeira.
Histórico de hostilidade
O conflito entre Estados Unidos e Venezuela não começou agora. Desde que Hugo Chávez assumiu o poder em 1999, as relações entre Caracas e Washington passaram por tensões. Com Maduro, a situação se agravou, especialmente após sua posse em janeiro, considerada ilegítima por grande parte da comunidade internacional devido a acusações de fraude eleitoral e perseguição à oposição.
No início de agosto, os EUA aumentaram para US$ 50 milhões a recompensa por informações que levassem à captura de Maduro. Washington acusa o líder venezuelano de integrar uma rede global de narcotráfico, rotulando-o como um dos maiores narcotraficantes do mundo. Essa narrativa serve de justificativa para as pressões diplomáticas e, agora, para o aumento da presença militar americana próximo ao território venezuelano.
Impactos regionais e sinais de aproximação
Apesar da escalada retórica e militar, alguns analistas apontam que há espaço para cooperação pragmática. Em julho, por exemplo, os dois países realizaram uma troca de prisioneiros. O gesto foi visto como um raro momento de diálogo em meio a um cenário de hostilidade.
Contudo, a nova mobilização de tropas americanas pode alterar o equilíbrio de forças no Caribe. Para países vizinhos, como Colômbia e Brasil, a instabilidade representa risco de aumento da migração, do contrabando e da insegurança regional. Além disso, o fortalecimento das milícias internas de Maduro pode ampliar a repressão contra opositores dentro da Venezuela.
Especialistas lembram que o governo Trump, em busca de reafirmar sua liderança internacional, pode explorar o conflito entre Estados Unidos e Venezuela como demonstração de força política. Por outro lado, Maduro se apoia no discurso de resistência nacionalista para tentar manter coesa sua base de apoio interna, mesmo em meio a uma grave crise econômica.
Conclusão
O conflito entre Estados Unidos e Venezuela se intensifica em meio a movimentações militares no Caribe e discursos cada vez mais duros dos dois lados. Enquanto Washington promete usar todo o seu poder contra Maduro, o presidente venezuelano responde com a mobilização de milhões de milicianos. O desfecho permanece incerto, mas a escalada já coloca o continente em estado de alerta e reforça a importância da Venezuela no tabuleiro geopolítico internacional.
Fique ligado no blog para análises e atualizações sobre o cenário político.
